Surrealismo Rural na Plantação de Vassouras
by 30 de June de 2015Desde pequeno vivi coisas inusitadas …. luzes coloridas que apareciam a noite … sons encantados que emanavam dos sonhos e permaneciam soando quando eu acordava … sensações maravilhosas e visões assustadoras que vez ou outra voltam na vida vivida e na sonhada … jamais busquei entendimento para elas.
Hoje continuo vivendo da mesma maneira … ou seja … vivendo coisas incríveis e insólitas sem procurar grandes explicações cósmicas para tais … é basicamente o método dadaísta de vida que já existia milhares de páginas antes do dadaísmo pintar de fato na história.
Adoro a melancolia … adoro o êxtase … esses dois estados dificilmente ocupam o mesmo lugar no nosso estado de espírito … mas de vez em quando pintam juntos … ai é PHODA! Podemos recebê-los eternamente para umas visitinhas … não entendo até hoje toda essa nomenclatura um tanto técnica que vem de uns tantos anos anos pra cá … não entendo a tentativa de resolver questões de estado de espírito com comprimidos … com química … dietas para a alma? … tarjas cinzas … ou seja lá o que for … eu tomo café … bebo minhas cachaça … vez ou outra uma ervinha … busco o equilíbrio e a falta de ar … a ousadia de correr em campo aberto … e conversar com moscas grandes.
Hoje mesmo … voltando de uma viagem maravilhosa de três dias … cheguei na cozinha e lá estava uma espécie de mosca que eu não via há tempos. Ela estava se deliciando em cima de um prato quase limpo que eu tinha deixado para lavar. Observei ela por um bom tempo, pois fazia tempo que não via uma dessa espécie, meio coloridona, não a mosca verde varejeira, uma meio pintada, meio zebrada, com tons de vermelho e rosa, adoro elas. Fiquei curtindo a bichinha por algum tempo e então dei um pequeno grito como se ela fosse um cachorro ou um gato que estivesse aprontando algo de errado … ela fugiu pela janela de uma maneira cinematograficamente alegre. Espero não demorar muito tempo para ver outra dessas por ai.
Nesses tempos de Surrealismo Cósmico … guardo no bolso moedas e papeis … marco tudo o que eu compro … como se minha vida gastada fosse um armarinho do futuro … e cada vez mais …. decido onde eu gasto as pratas que eu ganho … a minha busca é simplesmente viver cada vez mais a vida simples … corporal … desgravatada … depois de escrever esse texto vou procurar meu amigo livreiro, o incrível poeta surrealista Márcio Calixto e ver se ele tem uma edição do livro “Veias Abertas da América Latina” do Eduardo Galeano … fui lá, troquei um ótimo papo com mister Calixto e trouxe pra casa “O Labirinto da Solidão” do Otavio Paz.
Caminhei 4 km para conseguir “As Veias Abertas da América Latina” … fiz música no caminho .. passei vento … passei sons … passei carros parados no rush das seis … tenho sonhado muito com nosso continente.
Pachamama!
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