A incrível odisséia lírica e psicodélica do álbum "Vamos Pro Quarto" !
by 6 de October de 2013Criar o quarto disco do Cérebro Eletrônico foi uma experiência realmente transcendental. As canções presentes no novo álbum intitulado “Vamos Pro Quarto” nasceram espontâneamente numa reunião mágica entre os integrantes da banda.
Esse “encontro mágico” aconteceu nos dias 15, 16 e 17 de Dezembro. Na região rural e montanhosa de Bragança Paulista, no recanto do Mestre Puí, que foi meu professor e do Fernando Maranho. O Puí era um cara muito descolado, não parecia professor, numa cidade como Bragança, que é extremamente careta e conservadora, ele foi um dos poucos professores que conseguiam trazer pra gente elementos inovadores de atitude e linguagem.
Foram 3 dias de chuva quase initerrupta. Quando cheguei perto da uma da madruga de sexta pra sábado. Já encontrei no local os misteres Renato Cortez e Fernando Maranho. Tomamos umas cervejas, trocamos algumas idéias e eles foram descansar para imergir de vez na maratona musical.
Eu já estava em ritmo alucinante de composição. Então aguardei a chegada dos misteres Fernando TRZ e Gustavo Souza. Os dois chegaram perto das 3h30 da manhã. O TRZ abriu a porta com uma lata de cerveja em cada mão e já foi dizendo – E AI! Começaram o som!? Já começaram a montar as paradas!?
O Gusta apareceu na sequência já com intenções totalmente artísticas. Saquei tudo. Peguei meu cantil de “blacklabel” e também acendi minhas intenções artísticas.
Tocados pela brisa da alta madrugada. O TRZ abriu seu laptop e mostrou em primeira mão os sons que ele tinha tocado no novo play do Porcas Borboletas, banda sensacional de Uberlândia. Sou apaixonado por eles. Escutamos algumas canções do Porcas, algumas do Trabalhos Carnívoros, disco do Gui Amabis e boa parte do Metal Metal do Metá Metá.
Inspirado pelos sons dos amigos. Peguei meu tecladinho cássio que era da minha irmã e começamos de fato a colocar a mão na massa, ou melhor, música na panela de pressão do quarto! O Gusta Souza num Ipad, o Fernando Trz em outro. Foi uma sequência de quatro sons bem loucos, que por sorte o Trman filmou e registrou tudo.
Olha a loucura ai:
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Lá pelas tantas, quase amanhecendo, eu mandei um beat e comecei a compor a melodia e a letra de “Ancestrais Canibais” … Trman e Gusta mandando percussões alternativas. Todos altamante inspirados e com as respectivas cabeças anuviadas … depois de quase dez minutos de barulheira o Trman disse: Canibais, Ancestrais, Ancestrais, Canibais e ai em completei … é assim que a humanidade caminha para trás. Tinhamos chegado a primeira canção da imersão. Lá fora chovia pacas. Era chuva boa.
Antes mesmo de amanhecer o Fernando Maranho apareceu na sala. Não demorou muito para ele entrar em estado de “iluminação artistica. Conversamos amenidades … latas de cervejas nas mãos e logo ele estava dedilhando um violão. Estava amanhecendo e os pássaros começaram a cantar.
Temos um amigo que é um grande amante dos pássaro … ando apaixonado pelas aves também. A cantoria começou lá fora. Sabiás, Bem Te Vis, Sanhaços, Tesourinhas, Alma de Gato, Tzius. Foi quando o Trz disse: – Tatá! Vamos fazer uma música pro Flavião falando dos pássaros. O Maranho estava puxando um groove e foi ai veio a letra e a melodia de “Um Brinde Aos Pássaros”. Nem bem tinha amanhecido e já tinha mais uma canção engatilhada. Tome tempero no caldeirão.
Por algum motivo, não conseguimos parar de tocar. O violão circulava de mão em mão até que alguém puxou um groove, provalmente mister Maranho … e ai se desenhou e nasceu a canção que intitulamos “Seus Papos Não Colam”.
Um trechinho do momento “Papos”
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Fizemos um café pra rebater o estado avançado de iluminação artística e nosso querido comparsa Renato Cortez acordou já em clima de sonoridade mística. Ele começou a montar a nave espacial que ia gravar decentemente as canções que nasceriam na sequência. O cortez é o nosso professor pardal, manja muito de som, de técnicas de gravação e é criativo por natureza. Soube como poucos registrar bons momentos de alta iluminação artistica com seus equipos.
A partir desse momento, particularmente para mim … as lembranças de fatos e coisas que rolaram começam a ficar vagas … o que me chega são fragmentos, imagens e sons. Mas creio que o segue abaixo está numa ordem cronológica que passa.
Quando os equipos estavam quase 100% montados e conectados. Rolou um groove muito foda. A banda estava toda na pequena sala onde tudo foi montado. Nesse momento a canção “Tristeza Retrô” veio ao quarto. Essa música foi gravado pelo lap do Trman. Era o ajuste final para todo o equipo que o Cortez tinha montado entrar em cena. Lembro que quando a gente terminou de fazer a música nós perguntamos, gravou!? Gravou!? O santo TRZ tinha gravado essa no lap dele.
A partir dai foi como se uma nave espacial tivesse levado a gente para outro lugar. Foi som o tempo inteiro … as idéias simplesmente chegavam de todas as partes … cada um com seu estado particular de ritos, sons e referências e a música que era gravada era uma só. Todos pela música!
Foi dessa maneira que nasceu “Não Bateu”, “A Internet Parou”, “Oh My Lou” e muitas outras canções … dezenas delas. As únicas músicas que foram incrementadas posteriormente com novas melodias e letras foram “Egyptian Birinights” e “Libertem os Faunos”.
Lá pelas tantas da madrugada de sábado para domingo. Resolvemos dar um upgrade no estado de iluminação artisticas e dividimos igualmente cinco confissões ternas. Nessa hora os seres da florestas apareceram pra festejar conosco. Foi realmente um momento mágico.
As músicas do disco Vamos Pro Quarto vieram de maneira tão visceral que nós só poderiamos ter gravado esse álbum no Estúdio Submarino Fantástico. Mas pra frente falarei sobre tudo que rolou nessas gravações nesse lugar incrível. Que virou nossa casa por um bom tempo.
Fomos pro Submarino com o Otavio Carvalho no comando da nave. Dando asas e corda pra toda nossa loucura. As sessões de gravação pareciam tudo, menos uma sessão de gravaçã. Fomos incorporando personagens … fomos virando seres da florestas. Bichos do mato. Surrealismo puro. A energia e a vibe que rolou no mato também rolou no submarino fantástico.
Bom, essa foi a primeira vez que botei a cabeça em frente ao computador para escrever sobre esse disco. Ufa!
Quero dizer que sou muito grato aos companheiros de banda e histórias … Gustavo Souza … Fernando Maranho … Renato Cortez … Fernando TRZ … Felipe Antunes e Meno Del Picchia … que nos visitaram e fizeram um som com a gente no sítio. Otaman, fantástico e paciente com a nossa loucura e mais louco ainda. Ingo André pela hospitalidade e pelo espaço realmente transcendental do Submarino. Ao nosso mestre André Abujamra, guru e alquimista presente totalmente em estado de espirito e nosso querido amigo, xamã do rock n roll, Flávio Guaraná, uma figura extraordinária, por quem temos muito carinho e admiração.
Dedico essa viagem toda ao amigo e comparsa de banda Fernando Maranho. Nós tocamos juntos desde 1997. São dezesseis anos de muita música, parcerias, sonhos realizados, discos, viagens e muitas histórias pra contar! Fernandão, demais bicho! Mais um disco pro mundo e que tem tudo a ver com a letra que ele escreveu pra canção “Libertem os Faunos”
“Distantes montes plácidos
revelam laços místicos …”
Esse quartinho é pra todo mundo!
Viva a música!
O disco está pra baixar no nosso site:
www.cerebrais.com.br
0 Comments
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tata
Massa demais Elder, foi um prazer gravar e compor esse disco com a galera 🙂
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tata
Yeah!! 🙂
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Giovanni Venturini (gigante)
Caraca!
Já tinha achado foda o disco…agora então!
Tá tudo tão mais mágico e místico.
Por esse texto, não dá para saber exatamente o que rolou nesses dias incríveis, só quem estava lá para saber de fato como foi…mas sei que dá uma puta vontade de estar nesse mesmo lugar que vocês, nesse mesmo estado de espírito e (ins)piração!
Sensacional!
abraço-
tata
Gigante querido! Estamos juntos nessa loucura!! 🙂
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Andrew Ramos
ahahah Se lembrar de mais causos dessas sessões compartilhe. De fato, o resultado é único, ótimo cd!
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tata
Massa! Pode deixar que em breve novas histórias serão postadas Andrew!! Abs
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Elder
Parabéns, Tatá. Esse álbum é maravilhoso.
É claro que na primeira audição causa muito estranhamento, mas a medida que fui ouvindo de novo, ia cada vez mais submergindo nesse universo musical maravilhoso que vocês registraram ali. Essa visceralidade do processo de composição fica bem clara no álbum, o que o torna uma obra de arte única e muito instigante.
Viva os Cerebrais!
Viva a música!