aerolito ancestral ou mordo um teco de gelo com singela violência

3 de junho de 2016

 Mordo um teco de gelo com singela violência … hoje só tem água, gelo e banho frio.

 “Aladdin Sane” na vitrola e aquela bendita mão martelando o piano diabolicamente. Bate com uma força tamanha nas teclas multi estelares que sinto meu corpo entrar em êxtase. Mistérios gozosos e me pego excitado. Mão no piano com ex(citações) de todos os tipos … essa benditas teclas me levam a loucura. Bowie não dava ponto sem nó.

Mastigo mais um pedaço de gelo e balanço o corpo de forma desgovernada. Pelvis pra lá e pra cá naquele movimento suntuoso orgasmo-lírico. Agora vem um sax e me lembro do artrope … quer dizer … do meu amigo de muitos carnavais, estou falando do querido Marcelo Monteiro . Artrope, até hoje não sei se é o Monteiro ou o Alfredo Bello. Existe uma acusação mútua em relação a quem apelidou quem, mas como dizia o Frei Sérgio: Melhor Deixa.

 Me vem a cabeça o dia em que eu e o Marcelão fizemos uma apresentação musical com a banda Chill Out Company junto ao Núcleo Nova Dança “Artérias”. Se pá  2002.

No meio da performance eu vejo o Monteiro de olhos fechados … delirando … deitado no chão no meio da performance que o grupo de dança estava fazendo. Sax em riba tocando notas mágicas. As pessoas dançando em volta dele. Meu espírito livre falou mais alto e enfiei umas partes de roupas que estavam jogadas no chão na boca do sax tenor. Sai de fino e vi o Marcelão levantar bruscamente da cor “vermelho puto” … procurando em vão no meio do dancerê quem tinha feito aquilo com ele … bons tempos.

 As torres já tinham ido pro saco e o pó branco aterrizado nas raves … ai tudo ficou mais pesado e ficou fácil pros States entrarem com bola e tudo no Afeganistão e no Iraque … Pré história do EI e a nossa história atual é das mais tristes … esse cara chamado Temer …  nóis vai arrancá ele de lá.

As vezes sonho com as línguas ancestrais. Já estive algumas vezes na torre de babel … sempre trago alguma palavra pro lado de cá … canto coisas sem significados e sou possuído por vozes de outros tempos … adoro isso … meu corpo e minha mente pra sempre e pra frente.

 Prana … a luz da vida … e cá estou apreciando “A Caminho Das Índias”, um belíssimo disco do André Rocha, que conta com participações de Marlui Miranda, Duofel e Marsicano …  O André é um ser incrível que eu conheci nos idos dos anos noventa … nos encontramos algumas vezes e os papos foram longos e os melhores possíveis.

Admiro muito o trabalho dele e nunca me esquecerei de uma tarde triste e melancólica no Centro Cultural São Paulo. Naquela época que a melancolia tomava conta do meu corpo e alma. Existência irreal. Que saudades. Pré Era Virtual. Se pá … abril de 98.

 Ali eu pude receber a graça da “Ki Mana” e virar luz … lá mesmo … transcender. Fiquei vários dias sem sequer comer … em forma e estado de anjo. Graças ao show do André.

 Um dia quem sabe me transforme em harpa … e viva em queda livre no quântico cósmico para ser enfim uma simples pena na asa de um passarinho.

 Essa semana recebi o abraço da serpente no cemitério do esplendor … puder sair com meu amigo Gago Gnomo para tomar umas ali na esquina da Amaral Gurgel com Major Sertório … melhor cerveja da city e andou mais um pouquinho tá na cara do centro … do gol … da roda vida … do Nick Cave cantando .. Do You Love Me … e sinto a graça da vida e a força transcendental serena que é o infinito brasil da música, que extrapola linhas de ex(citações) … viver mergulhando na surpresa, né Pereira?

 Anjo caído … astronauta libertado … borboleta vermelha de astros estranhos. Água que te quero água … e voltaremos sempre ao centro de terra … em forma de fogo.

 
 
Suite I – Mar AFora – A Caminho Das Índias
https://www.youtube.com/watch?v=lfnhbXQfT7w

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